sexta-feira, 25 de maio de 2012


Quando te vejo on line eu fico feliz!

A gente brigou aquele dia,
Fiquei chateada, você também...
Mas eu bem sabia, que você não me excluiria.

Não te excluí também meu bem...
Mas você me bloqueou!
Aí meu coração apertou!

Não te vi on line nos outros dias,
A saudade aumentando,
Meu MSN me chateando,

Nem uma cutucada no facebook!
Nem um curtir no meu mural...
Eu sei que parece banal...
Mas só quando te vejo on line fico feliz!

Shirlei Marcelino

quinta-feira, 10 de maio de 2012


Não entendi professora...

            A professora, a pedido da diretora explicava aos alunos do nono ano da Escola Estadual “João José Algumacoisa” sobre a hiperatividade e o transtorno no déficit de atenção.
            -- Então pessoal, a hiperatividade e o déficit de atenção são um problema mais comum em crianças e os sintomas são a desatenção e hiperatividade, pessoa muito ativa, algumas vezes agitada, bem além do comum.
            Enquanto a professora falava, Maria se lembrava do passeio que havia feito no dia anterior ao sítio dos tios. Fora muito divertido! Nadou na cachoeira, deu milho às galinhas... Rolou pela grama fofa. Na sua fértil imaginação, por alguns minutos se tornou dona do sítio, viveu durante anos por lá com a família que fez durante o percurso de sua vida imaginária.
            Ao perceber que Maria não prestava atenção a sua aula a professora ficou irritadíssima...
            -- Maria estou falando de um assunto muito importante aqui... Será que você pode prestar atenção?
            A garota esforçou-se para prestar atenção nas palavras da professora, mas enquanto olhava para ela, seus pensamentos voltavam ao sítio.
A professora olhava fixamente para o papel em suas mãos que continham as informações que deveria passar aos alunos. Deu mais uma lida nas primeiras linhas e continuou...
            -- Continuando... Um dos sintomas da hiperatividade que acontece muito com alunos é a dificuldade de ficarem sentados na cadeira em sala de aula ou em outras situações nas quais se espera que o aluno permaneça sentado e...
            Nesse momento, Joãozinho que se remexia na cadeira o tempo todo, não aguentando mais ficar parado resolveu apontar todos os lápis do seu estojo...
            -- Joãozinho, você não parou um só minuto desde que eu comecei a explicação! Vai apontar lápis agora pra que menino? Para quieto! Que coisa mais feia! Eu aqui falando de um assunto super importante e você não da atenção! Fica se remexendo na cadeira sem parar... Qual o seu problema menino?


Shirlei Marcelino

segunda-feira, 5 de março de 2012

Mudança no nome do Blog

Caros amigos e seguidores!

Resolvi mudar o nome do blog. O sentido continua o mesmo, que é o de abrir a mente e se libertar das imposições e suposições.
Como a palavra "alma" trás vários sentidos, resolvi não usá-lo mais.

Obrigada e continuem lendo!!!

Shirlei Marcelino

Depende, você quer ouvir o quê?

Sinceramente, talvez seja mais fácil descobrir se existe vida em outros planetas, ou então se existe uma equação exata que conte a história do início do mundo, do que entender certas peculiaridades da mente humana. Cara! Existem pessoas nesse mundo que adoram perguntar a opinião dos outros pra nada. Sabe aquele seu amigo, aquele que só quer ouvir a resposta que espera? Então leitor, é desse tipo de gente que estou falando.
Aliás... Talvez você mesmo seja assim! E se for o caso, por favor, observe a história a seguir e pare de irritar seus amigos que só fazem o que você pediu: Dar a opinião sincera! E se for do tipo sincero, cuidado! A resposta nem sempre irá agradar...
Lá estava eu, no final da tarde de sábado, escrevendo umas tolices no computador e me aventurando por algumas páginas virtuais, enquanto as redes sociais estavam cheias de asneiras. Eu como uma pobre condicionada que já sou dessas redes (tem coisas legais também, vai!) estava conectada no facebook e no MSN. No facebook, algumas figuras engraçadas, frases sem coerência, foto de todo tipo de gente, citações de autores. Citações de autores cujos nomes são subtraídos! Fico louca da vida!!! E uma guria ainda comenta uma postagem dessas elogiando o amigo, dizendo que este estava inspirado quando escreveu a postagem! Inspirado em usurpar a frase alheia! Cita ! Mas coloca o nome do autor... -- AHAHAHAHAHA!!!!! -- Tudo bem... Passou... Ufa, desculpem o desabafo! Voltemos ao foco... Fechei o tal do facebook, quando então, chamou-me ao MSN, uma amiga que eu não via ou conversava há tempos.
Amanda diz:
 Olá Cláudia
td bem?
CLÁUDIA diz:
Oi Amanda!

            Caro leitor, deixe-me explicar, como a conversa foi pelo MSN, não vou escrevê-la aqui da forma tradicional, com travessões e palavras bem escritas para a língua padrão oficial brasileira. A linguagem de internet já é um fato cotidiano na vida das pessoas, pelo menos da maioria, e resolvi trazê-las aqui para este texto. Portanto, vou escrever as palavras do modo como apareceram na janelinha do meu MSN!
Voltando a conversa:
Amanda diz:
Nossa menina, como vc tá?
CLÁUDIA diz:
Td bem,
continuo estudando e tals. E vc guria?
Amanda diz:
 Ah, nem te conto,eu e o Mário terminamos!
CLÁUDIA diz:
Pô... sério?

            Tudo bem, tudo bem, nesse ponto aí eu fui falsa, porque bem sabia que o cara não valia muita coisa. Do tipo conquistador barato entendem? Se não entendeu leitor, vou ser mais clara: daquele tipo de sujeito que só não canta a mãe e a irmã! Mas a Amanda, bom, parecia evidente que fingia não ver. Tanto, que nunca falamos nada pra ela. Achávamos que não era necessário, pois o figura era muito descarado.
Amanda diz:
Pois é menina, depois de anos de namoro...  ai tenho vergonha até de contar de dizer o que houve
CLÁUDIA diz:
bem, não precisa dizer se não tá a vontade.
Amanda diz:
Aa, pra ti eu conto. ele ficou com outra! vc acredita?

            Sim, bem assim leitor, de quem não queria contar – nem eu estava com saco para ouvir! -- Para quem contaria sem maiores cerimônias. Deu vontade de ser sincera, e dizer que eu acreditava sim! Que inclusive já tinha visto, mas deixei pra lá!
CLÁUDIA diz:
hummmm..... nossa... que canalha...
Amanda diz:
Quando eu iria imaginar uma coisa dessas?
 Affh!!! Então...

            Blá blá e blá, eu não vou entediar meu caro leitor com a conversa chata dessa guria. Olha, eu não sou falsa não, mas sinceramente, se eu for sincera com todo mundo, brigo o dia todo. E como eu disse, a coisa toda do Mário sempre foi muito evidente! Sabíamos que não compensaria contar uma coisa que era evidente, se ela não via, é porque não queria. Depois de ouvir a história nos mínimos detalhes durante uma meia hora, a guria solta:
Amanda diz:
 ai coitado, sei lá, me traiu e tals, mas pô, nunca tinha feito isso antes   sempre foi tão fiel... O QUE VOCÊ ACHA CLÁUDIA?

            Tudo bem, eu confesso que a pergunta não veio em Caps Lock, mas eu imaginei que sim... Gente! Povo! Digam-me, porque tem gente que insiste em se fazer de boba? Penso que os pilantras se aproveitam com razão! Você via estampado na cara do Mário: SAFADO! Não era possível que só a Amanda não visse isso. Aliás, o cara já tinha cantado todas as amigas e colegas dela, inclusive eu.
CLÁUDIA diz:
cara, vc quer mesmo saber?
Amanda diz:
Claro! Sim, sim
CLÁUDIA diz:
Eu acho que vc merece uma pessoa melhor!
Amanda diz:
????????????
CLÁUDIA diz:
É isso mesmo, acho que vc merece um carinha que te de valor!

            Ah! Quer saber? Falei mesmo! Ah, eu estava lá, escrevendo umas coisinhas, e a tal da guria não parava de encher! Vá se fazer de boba na casa...
Amanda diz:
 mas ele tem qualidades tb!
CLÁUDIA diz:
a é? E qual? Ser safado? Galinha?
Amanda diz:
mas foi só uma vez
CLÁUDIA diz:
ah é? E como vc sabe? Heim?
 vc pegou ele no flagra dessa vez, vai lá saber se ele não fez isso antes.
Amanda diz:
nossa Claudia, vc tá com problemas é? tá louca? que negócio é esse de se incomodar com a minha vida????

            Não, não, mil vezes não! Era demais pra mim, de repente eu virei vilã da conversa, e o Mário, maldito safado, virou o herói!
Amanda diz:
Sabe, o Mário nunca gostou de vc mesmo!
Agora sei o porquê! vc é uma invejosa! Isso!
CLÁUDIA diz:
vc ficou louca de vez!
Amanda diz:
quer saber, foi um aviso, essa conversa foi um aviso dos céus pra eu voltar com o Mário!

            Aviso dos céus! Sim, eu li isso naquela janelinha maldita do MSN, “Aviso dos céus”, olha, sério leitor... Aconteceu assim mesmo! Quando alguém me perguntar novamente o que acho, sabe o que vou responder?
            -- DEPENDE, VOCÊ QUER OUVIR O QUÊ? 
Então encurto a conversa, volto pra minha escrita, pras espiadas no facebook, sei lá! Quem sabe até cutuco alguém!

Shirlei Marcelino

quinta-feira, 1 de março de 2012

O jardim de Sara

O grande buraco no jardim da casa, não levava ao país das maravilhas, mas bem que poderia levar. É que na cabecinha da pequena Sara tudo era possível.
            A garota passava horas do seu dia no jardim da avó imaginando coisas fantásticas. Certo dia jurou ter visto a mulher gato e a mulher maravilha tomando café com ela e as suas bonecas na pequena mesa cor-de-rosa que foi presente da avó.
Os pais de Sara costumavam fazer várias viagens, o que fazia com que a pequena passasse muito tempo na companhia da avó materna.
Naquele dia o que intrigava a garota, era o grande buraco que apareceu no meio do grande e belo jardim. Chegou bem perto para poder olhar bem no fundo. Precipitou-se e acabou caindo.
O buraco parecia não ter fim, e enquanto caia a pequena Sara podia contemplar as estrelas. O local onde estava parecia um grande universo. Após alguns minutos de queda-livre, a garotinha viu uma enorme luz chegando cada vez mais forte, parecia até que iria lhe cegar, mas em seu coração sentia que não precisava ter medo.
Sara estava agora em outro jardim, ainda maior que o de sua avó. Pode ouvir algumas risadas vindas de trás das árvores que deixavam ainda mais bela aquela grandiosa paisagem. Logo depois algumas crianças apareceram correndo-brincando. A pequena Sara correu também, deixando-se levar pela euforia das crianças.
Já havia entardecido e a pequena continuava a correr e correr. Não sentia fome ou qualquer outra necessidade do corpo. Estava totalmente entregue as diversas brincadeiras que executava com seus novos amigos.
Ao primeiro sinal do anoitecer Sara ouviu uma voz lhe chamando. Não era a voz suave de nenhuma das crianças com quem brincava, mas sim a voz da avó, chamando-lhe para que entrasse em casa e fosse banhar-se antes do jantar.
De repente, tudo ao seu redor tomou outra forma, e Sara estava novamente no quintal da avó. A velhinha estava agora ao seu lado:
-- Menina desatenta, às vezes penso que você tem problemas nessa cabecinha...
Sara sorriu. Imaginação um problema?

Shirlei Marcelino

quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

Por que você não vai?

-- Você vai comigo na cabeleireira?
-- Pra que?
-- Oras Cláudio, pra me ajudar a escolher o corte!
-- Por quê?
-- Porque quero saber a sua opinião!
-- Não quer não!
-- Claro que quero querido!
-- Hummm.. Vou opinar agora!
-- Tudo bem vamos lá...
-- Corte bem curto!
-- Está louco? Curto? Detesto!
-- Então pinte de preto!
-- Credo Cláudio, não gosto!
-- Que tal a franja?
-- De jeito nenhum!
-- Eu não vou ao cabeleireiro com você!
-- Mas por que não querido?

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

No fim de semana

Mochila, roupa velha, tênis velho, meia. Saco de dormir, cobertor, barraca. Fogareiro, comida enlatada, talheres, macarrão instantâneo. Faca, lanterna, agulha e linha, caixa de primeiros socorros. Um garrafão de vinho. Amigos, ônibus, trilha, natureza. Caminhos, árvores, flores, plantas... Cachoeira, banho, liberdade, ar puro... Noite, cobertor, fogueira, amigos. Violão, música, canto. Sono, sol, trilhas, árvores, flores... Cair, machucar, caixa de primeiros socorros, passou a dor. Partir. Trilha, amigos, ônibus, casa.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

O assassinato de Joana

            O corpo frio sobre a terra fresca era o de Joana. Ela estava morta desde a noite anterior. Seus olhos, ainda arregalados com a brutalidade do assassinato. Nenhuma moça espera ser brutalmente assassinada na juventude.
            Quando Joana acordou naquela manhã, sentiu-se cansada. Sim, estranhamente cansada. Não teve vontade de levantar, mas as obrigações diárias fizeram-na, enfim, dirigir-se ao banheiro para que pudesse lavar o rosto e começar o dia. A indisposição seguiu-a até a mesa onde sua mãe esperava para o café da manhã. Ao lançar o olhar à filha, a mãe percebeu que tinha algo estranho em seu semblante.
            -- O que houve Joana? – perguntou a mãe enquanto puxava a cadeira para que a filha se sentasse.
            -- Não sei mãe, acordei me sentindo indisposta... É como se houvessem pedras de gelo no meu estômago entende?
            A mãe não entendeu, e deu algum remédio para a moça tomar jurando que toda aquela indisposição sumiria em 15 minutos. O que parecia mentira, pois após os 15 minutos aquela sensação não lhe deixara em paz.
            É claro que Joana não podia imaginar o que ocorreria com ela naquela noite.
            Saiu tarde do trabalho, e sentiu uma brisa invadir todo o corpo. Por um momento isso fez com que se sentisse mais leve, pois não era apenas o estômago frio que podia sentir, sentia também a leveza do ar em movimento. Havia combinado de encontrar uma amiga com quem iria ao cinema, mas esta ligou na última hora para desmarcar. Tivera um problema no trabalho e não poderia acompanhar Joana.
Como não estava com vontade de ir direto para casa e não gostava de ir ao cinema sozinha, resolveu passear pelo parque, ver o lago, pensar na vida... Tentar fazer com que aquela sensação ruim passasse. Achou que talvez fosse solidão, melancolia. Ou melhor, a ausência dela, talvez o que ela precisasse fosse ficar um pouco sozinha. Quem sabe fazer uma análise geral de tudo que havia vivido até aquele momento e o que ainda pretendia viver.
            Caminhou durante algum tempo em frente às vitrines das lojas olhando alguns modelos. Viu um casal aos beijos em um banco e sentiu inveja, pois já estava sozinha há muito tempo e seus relacionamentos pareciam não dar muito certo. Por diversas vezes, acreditou ter algum tipo de bloqueio, algum tipo de doença que afastava os homens. Nunca havia conseguido levar uma relação por muito tempo.
            Sentou-se em um banco a beira da lagoa, quando chegou ao parque. Olhando para a água, lembrava os dias de verão que passava com a família quando criança. Eram dias longos que passavam se divertindo. Ela, as irmãs, a mãe e o pai; que faleceu quando ela se tornara uma adolescente. As irmãs se casaram e ficou apenas ela e a mãe. As duas eram muito amigas e confidentes. Joana tinha uma verdadeira adoração pela mãe e sentia muitas saudades do pai.
            Já haviam se passado cerca de uma hora da chegada de Joana quando ela resolveu levantar-se e passear pelo parque, caminhava lentamente para aproveitar a paisagem. Quando ela estava do lado mais isolado e distante, resolveu voltar. A noite já havia chegado há muito, muito tempo. Joana entregue a seus pensamentos nem havia percebido o quanto o tempo tinha passado. A bruma da noite havia transformado toda aquela linda paisagem em um obscuro cenário, propicio ao que se sucederia a seguir.
            Joana preocupou-se com a escuridão, mas não sentiu medo. Na verdade, achou estranho o fato daquele terrível frio na barriga ter passado no momento que se iniciou a penumbra. Teve uma vontade irresistível de molhar os pés no lago, e foi o que fez. O frio que sentiu ao tocar os pés na água misturou-se ao frio que veio de seu estômago se espalhando por todo o corpo ao sentir uma respiração estranha aproximar-se. Pânico, pânico, era o que sentia agora. Todo o seu estado havia mudado. Seu corpo em alerta avisava que alguém estranho estava se aproximando... Alguém...
- Quem está aí? – dizia ela, com a voz sufocada... O coração disparado... O corpo congelado de pânico sem deixar-lhe mover um só músculo.
            Como não obteve resposta, permaneceu com os sentidos em alerta. Ouviu o que pareciam galhos se quebrando e o pânico aumentou. Não conseguiu pronunciar mais nenhuma palavra. Olhava ao redor, a escuridão e as brumas não deixavam que visse qualquer coisa. Pensou em mergulhar no lago, jogar-se e nadar para o inicio do parque. Talvez fosse uma ideia tola, mas não conseguia raciocinar direito. Não conseguia mover-se.
            Seus pensamentos se perderam quando momentos depois, ela não conseguia lembrar direito como tudo tinha acontecido. Aquele homem brutal havia a agarrado e tapado sua boca... Deu-lhe alguns socos no rosto quando ela ameaçou gritar. Muito atordoada, ela não conseguia falar, não conseguia se mexer, pois o peso do homem e a tontura provocada pelas pancadas que se seguiam constantemente, não deixavam que ela raciocinasse direito.
O tempo naquele momento não existia... Não tinha início ou fim. Pouco a pouco, sua vida, tudo aquilo que havia construído em seus vinte e poucos anos, nada mais valiam. Aquele homem doentio, aquela mente transtornada tirava dela a cada lance uma vida de pequenas felicidades, felicidades das quais ele nunca vivera ou viverá um dia, pois sua alma já havia sido consumida pelo fantasma da amargura.
            Sua dignidade foi a primeira a ser atingida. Seu corpo nu, que mostrou tão poucas vezes a um ou dois namorados, estava ali... Exposto, machucado, magoado. Ao terminar seu ritual egoísta, o homem se levantou, olhou pela primeira vez para o rosto de Joana... Respirava como um animal depois de correr, apanhar e estraçalhar sua presa. Joana não tinha mais forças, um último sopro de vida e dignidade tentava sobreviver a tudo aquilo. Um breve momento de pensamento lúcido invadiu sua mente, e pensou que talvez aquele homem pudesse arrepender-se e deixá-la viver.
Tentando controlar sua respiração ele desviou o olhar do rosto de Joana, pegou um pedaço forte de galho grosso e atingiu com força três golpes na cabeça dela.
Ela... Os olhos arregalados no momento que entendeu que iria morrer, implorava em sua mente, por um olhar apenas de compaixão daquele homem, não queria deixar esse mundo sem poder acreditar que ele se arrependera do que fez a ela, uma moça que nada tinha lhe feito de errado, se tinha dor, com certeza não era ela a causadora... Quem sabe ele poderia derramar uma lágrima de arrependimento.
            Infelizmente, tal lágrima nunca fora derramada. E Joana ficou ali, sua vida interrompida brutalmente. Seu corpo nu foi encontrado no dia seguinte por um grupo que fazia corrida pelo parque.

sexta-feira, 26 de agosto de 2011

Quando o amor acaba

Via-o partir, sentindo que nada podia fazer. Lana ficou ali parada, o coração partido e a alma entregue à melancolia.
            Todos os anos que ela passou apaixonada por Renato pareciam agora terem sido em vão. Foram tantas as dificuldades para ficarem juntos... O pai dela achava que o rapaz não era bom o suficiente para a filha. Em outro momento mandaram-no estudar e fora o que fez com que ficassem sem se ver durante dois anos. Nem mesmo isso acabou com o amor deles. Houve muitos motivos, mas nenhum como aquele que viviam naquele momento, parecendo realmente terem chegado ao final de sua história juntos.
            Ao virar a esquina Renato nem mesmo olhou para trás e acenou por uma última vez. Lana não conteve as lágrimas estava transtornada com aquela situação inesperada.
            Na manhã do dia anterior Renato chegou a casa dela muito cedo. Parecia muito ansioso, incomodado. Ao ser questionado por Lana, segurou-a pelos ombros, olhou bem em seus olhos e quando parecia determinado a dizer-lhe o que o atormentava a mãe dela adentrou pela cozinha. Deu bom dia a Renato, bebeu um copo de água e voltou ao seu quarto. Isso foi o suficiente para que ele perdesse a coragem e permanecesse calado. Lana sentiu-se mal e sentou. Podia pressentir que algo de mal estava por vir.
            Agora, ao lembrar-se da manhã seguinte, quando aquele pequeno momento de pânico parecia a pior sensação do mundo, o fato não parecia mais ter a mesma importância. O vazio que estava sentindo era algo que não estava preparada para sentir. Renato havia deixado de amá-la. Ele disse isso a ela. Simplesmente não a queria mais. Aquele imenso amor que por tantos anos havia sentido havia acabado. Existia agora no coração dele um novo amor. Talvez ela mesma houvesse deixado a porta do coração de Renato aberta sem mesmo se dar conta disso.
            Nos meses seguintes, a dor da rejeição consumia-lhe os dias e tirava-lhe as noites tranquilas. A ausência de esperança, por dar o caso como vencido, tornavam ainda mais insuportáveis as horas. Ele não a amava mais e nada se pode fazer quando o amor chega ao final.


Shirlei Marcelino

terça-feira, 23 de agosto de 2011

A história de João

Lá longe, onde a vista se perde
É lá que vivia João.
João era filho da terra
Batia forte o seu coração.

João trabalhava na lavoura
Com o pai, a mãe e o irmão
Nos dias de sol e de chuva,
Trabalhava a família de João.

Ele não tinha tempo para estudar
O que vinha de livros não conhecia
Mas de cuidar da terra,
Isto ele bem entendia.

Mas quando ele ia à cidade,
Sentia uma grande falta
De saber o que vem dos livros...
Pois tudo ao seu redor ficava
Com formas que não compreendia.

Os papéis dados pelo doutor,
Ele também não podia decifrar.
Pedia pra Lurdes lá da farmácia,
Que tinha estudo e podia ajudar.

Oh, mas pobre Lurdes
Quando o assunto era da terra!
Precisava de João pra ensinar.

E assim passou o tempo,
Cada um com seu destino...

Um dia João foi à escola,
Mas então uma cobra
Encontrou pelo caminho.

João morreu sem ler,
Lurdes morreu sem arar.
O pobre morreu feliz,
Morreu tentando lutar.




Shirlei Marcelino